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“um padre também se veste de forma diferente,

faz coisas como as pessoas normais”

entrevista concedida ao Jornal A verdade, no dia 5 novembro 2022:

 

Desde o primeiro dia em que escolheram ser padres dehonianos, Pedro e Antonino Sousa, naturais de Paços de Ferreira, perceberam que o seu papel seria de “ir para lá do que é o habitual e sair dos muros da igreja”.

O objetivo, tem sido, “chegar às pessoas que estão afastadas” e mostrar-lhes “o rosto da igreja de uma forma diferente”, garante o irmão mais novo, Pedro Sousa.

Uma diferença que caracteriza os dois irmãos, quer pela forma de pensar, quer pelo modo como chegam às pessoas. “As nossas cerimónias não são assim tão diferentes. O que muda é o nosso estar e acolhimento. Procuramos sempre ter muita dinâmica, para que as pessoas descubram que a igreja não é só aquilo que fomos vendo ao longo dos tempos. Há muito mais”.

E o “muito mais” estende-se, também, às várias formas que encontram de estar mais próximos dos outros, como as redes sociais, que “têm um lado menos feliz, mas são um meio para mostrarmos uma igreja diferente e podermos chegar às pessoas que, muitas vezes, não falariam com um padre. Há pessoas que me abordam através do instagram e que querem falar das suas vidas”, conta.

Perante uma sociedade habituada a uma imagem de um sacerdote vestido com a batina, Pedro Sousa garante que, num mundo atual, um padre “também se veste de forma diferente, faz coisas como as pessoas normais”.

 

O que falta na igreja atual?

“Humanizar a igreja, arrojar e tocar no coração daqueles que estão afastados e que não se sentem identificados“, afirma Pedro Sousa, que se considera “uma pessoa normal como todas as outras” e esse será o “ponto-chave” para a humanização. 

Hoje, um padre, deve procurar ser uma pessoa “feliz, autêntica, disponível e, sobretudo, humana”, acrescenta.

Em todo o processo, as formas de comunicação podem mudar, mas o propósito mantém-se inalterado: “com aquilo que somos queremos alcançar a felicidade, através de uma doação aos outros, e proporcionar às pessoas esta experiência de encontro com Deus, que pode ser de felicidade e que transformar as suas vidas”. 

 

“Somos o espelho daquilo que recebemos”

Desde muito cedo que a vida dos irmãos Antonino e Pedro esteve ligada à religião, por influência da família, nomeadamente dos pais. Acreditando que “as nossas raízes são a base para o que seremos no futuro”, Pedro não tem dúvidas de que se os pais “não tivessem uma prática religiosa tão grande, talvez não seria padre”. 

Uma influência que, mais tarde, recebeu do padre Antonino. “O meu irmão entrou no seminário e toda essa vivência passou para mim, através do que ia contando, das histórias. Senti que queria experienciar e acabou por ser o mote para entrar no seminário”.

As “dúvidas” surgiram, existiram “momentos em que não fazia tanto sentido”, mas era “uma escolha importante, que já não era influenciada pelo irmão. Eu próprio procurei. Mas se ele não tivesse ido para o seminário, também se calhar não teria ido, porque somos sempre o espelho daquilo que recebemos”.

Agora, Pedro quer levar aos outros o que recebeu e que acredita que “nos pode ajudar a ser felizes”, quebrando “estereótipos. Ganhamos sempre quando nos tornamos próximos e verdadeiros. Por isso, é importante baixar barreiras que nos impedem de estar com os outros e que os outros toquem na nossa vida”.

Aos 31 anos, o padre Pedro Sousa acredita que “o amor é a palavra-chave de toda a fé em que acreditamos e a palavra-chave da felicidade. Podemos acreditar muito ou pouco, mas se adotarmos a vida de jesus para a nossa vamos alcançar o amor verdadeiro. Alguns procuram noutras coisas. mas acredito que este modelo nos mostra uma forma de chegar mais rápido à felicidade”.

https://averdade.com/um-padre-tambem-se-veste-de-forma-diferente-faz-coisas-como-as-pessoas-normais/

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